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Teatro: sua essência é a resistência

Por Francis Ivanovich*:

Acredito que o Teatro é uma das poucas possibilidades de resistência contra a ditadura tecnológica que tenta a todo custo dominar a arte e nossas vidas no século 21.

Tecnologia oriunda das Big Techs que tentam impor suas “verdades” e produtos, através de uma overdose imagética sedutora e de uma suposta facilidade em obter conhecimento, informações e soluções. 

O Teatro em essência é a arte da resistência, arte milenar que jamais se curvou a quem quer que seja, ideologia ou sistema.

O Teatro sempre será indomável.

Vejam a imagem abaixo, esta estranha mulher. Solicitei ao ChatGPT que me apresentasse uma figura, a partir da palavra Teatro.

A tal IA levou quase 40 segundos, uma eternidade, para me entregar essa coisa horrenda. Nem a IA consegue decifrar o Teatro. 

O Teatro tem como essência esse espírito de liberdade e exige que as pessoas de carne, osso, sangue, suor, saliva, lágrimas, sentimentos e pensamento se encontrem no real.

Na pandemia do COVID 19, por exemplo, vimos como o Teatro não se enquadra ao distanciamento humano, não se molda dentro de uma tela, pois o que assistimos não era Teatro. Simplesmente não combina. Não dá match!

O Teatro é feito de seres humanos e fala com seres humanos reais, é a arte do encontro e não necessita de nada mais do que isso.

É possível que o Teatro aconteça sem palco, sem luz, sem roupa, sem fala, sem texto, mas jamais sem seres humanos. Justamente por isso é que a tecnologia não consegue cooptar o teatro.

O Teatro só desaparecerá quando o homem desaparecer da Terra, do Sistema Solar. 

 O grande desafio do Teatro é ele ser um ambiente de possível sobrevivência para os seus principais personagens, os autores, as atrizes, atores, diretores e todos os demais profissionais que dedicam suas vidas ao fazer teatral.

Não é por acaso que o Teatro seja um das atividades que menos encontre apoio. Suspeito que isso não seja apenas descaso, coincidência.

O Teatro não é Blockbuster, não rola influencer, o teatro é um lugar perigoso porque ele tem a capacidade de despertar consciências, espirito crítico, desafiar o status quo.

Fazer Teatro sempre será um ato político, um grito, capaz de transitar em todas as camadas da sociedade, até encarar a distopia.

Nós que amamos o Teatro jamais desistiremos, mesmo que aparentemente estejamos silenciados, semelhantes a mortos-vivos.

O que devemos fazer é de alguma forma nos organizar, nos unir e lutar pelos nossos direitos. Não há outro caminho.

Fecho o texto com um clichê: Viva o Teatro!

Nada mais genuíno e verdadeiro me ocorre.

(Créditos imagens: https://www.arts-spectacles.com/ e Chat GPT)

*Francis Ivanovich é jornalista, cineasta e dramaturgo, criador e diretor do Prêmio Nacional de Dramaturgia Flávio Migliaccio, autor de peças teatrais já encenadas como Andersen Lobato, Adoro Mozart, A História do Homem que ouve Mozart e a moça do lado que ouve o homem, Morada dos Ossos, Bullying, tô fora, entre outras, autor filiado a SBAT, editor de notícias deste site. 

 

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