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Apoteose de um livro de autor da SBAT em três atos

Primeiro Ato

Tudo começou em 2015, quando abri o jornal O Globo na coluna assinada por Cristóvão Buarque. Lá, ele contava que, ao assumir o Ministério da Educação, ele e Lula foram a uma pequena cidade do Nordeste.

Lá, tiraram um retrato com algumas crianças pobres para mostrar que, ao final do mandato, a realidade miserável do Nordeste estaria transformada pela Educação. Anos depois, Cristóvão retornou ao Nordeste, reencontrou as crianças da fotografia e viu que a miséria ainda não tinha sido alterada.

Isso ficou batendo na minha cabeça.

Sou filho de baianos que utilizaram o pau-de-arara para chegar ao “paraíso” do Rio de Janeiro (RJ) e pensei em escrever uma história com o objetivo de fazer com que crianças pobres do interior nordestino, ao pegar um livro na biblioteca da escola, pudessem se ver retratadas como personagens principais, e não ocasionais.

A seguir, o objetivo foi escrever uma história muito sintética.

São apenas 28 páginas com pequenos textos e há poucas palavras nelas. Exemplo: “Gugu não teve muito tempo para sonhar, pois morreu de disenteria quando tinha onze meses.”

Quando tratei com a minha Editora Abacatte, falei: “Preciso de um ilustrador fantástico, porque ele vai dar, através das imagens, o que o texto apenas sugere. A Abacatte surgiu com as imagens potentes e sensíveis do nosso internacional Lélis. O livro ficou lindo.

Aquilo que não se vê, divide-se em sete partes:

O Retrato
Os sonhos
A realidade
Dez anos depois
O Novo Retrato
Fim
A Vida tem muitas possibilidades

Segundo Ato

Em Portugal, eu havia publicado dois livros, logo esgotados: “O Beco do Pânico” e “A cadeira que queria ser sofá” – este último ilustrado pela portuguesa Ana Biscaia. Com este trabalho, Ana ganhou o Prêmio Nacional de Ilustração de Portugal, em 2012. Mostrei-lhe o texto para ver se ela se interessaria em ilustrá-lo. A Ana Biscaia tem uma pequena editora – Xerefé, na pequena cidade de Figueira da Foz.
Ana gostou. Sete anos depois ela surgiu com o livro!!!

O formato é enorme e o exemplar é uma edição muito especial em termos de diagramação e presença das imagens. O título ficou sendo “O Retrato (aquilo que não se vê)”.

Sinto-me como o dramaturgo que teve sua peça encenada por dois diretores absolutamente diferentes e ambos geniais: Lélis e Ana Biscaia.

Terceiro Ato

Em 2022, a Feira de Bolonha (Itália) distinguiu o livro com o Braw Amazing Bookshelf.

E agora, em 2025, a Feira resolveu selecionar os 150 melhores livros ilustrados de todo o mundo que levam, para crianças e adolescentes, “propostas de um mundo futuro mais saudável.”

Clóvis Levi é Autor (Teatro, Literatura, Televisão), filiado à SBAT, Diretor Teatral, Crítico Teatral, Jornalista, Autor de “Nelson Rodrigues: “A Nostalgia do Paraíso Perdido” e de “Um Panorama do Teatro Brasileiro no Século XX”, Professor de Interpretação e de Direção no Brasil e em Portugal.

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